Tópico de acompanhamento Ibovespa

Múltiplo expõe atratividade de blue chips como Petrobras, Vale e Usiminas

Por: Roberto Altenhofen Pires Pereira
23/09/08 - 20h28
InfoMoney

SÃO PAULO - Parece consenso no mercado que os ativos brasileiros apresentam fundamentos sólidos, a despeito do que a crise fez com seus valores no mercado. De maneira geral, as constatações são de que alguns papéis apresentam múltiplos "baratos" demais no atual momento, fator que pode indicar que estão atrativos nos patamares negociados.

Uma análise recente do banco de investimentos suíço Credit Suisse expôs a questão. A comparação dos múltiplos latino-americanos coloca sete brasileiras entre as doze top picks listadas para a região pelo critério de valuation.

As principais blue chips, Vale e Petrobras, dividem a recomendação com os papéis da Usiminas, além de Unibanco, Lojas Renner, Itaúsa e NET.

Mas o grande destaque fica por conta do comparativo entre as empresas, em especial, entre as siderúrgicas.

Usiminas é o destaque
Tomando por base o EV/Ebitda, múltiplo que relaciona valor de mercado sobre potencial de geração de caixa, a Usiminas é o maior destaque. Adotando este quesito como referência da avaliação, pode ser considerado o papel "mais barato" no momento em relação a seus múltiplos, pois traz uma projeção de 2,9 vezes para seu EV/Ebitda (em outras palavras, o enterprise value - valor da empresa - supera em 2,9 vezes a projeção de geração operacional de caixa) em 2008, de longe a menor do setor.

Para se ter uma idéia, as outras grandes siderúrgicas da Bolsa brasileira, Gerdau e CSN, relacionam projeção superior, respectivamente de 5,1 vezes e 5,0 vezes. A relação impressiona até mesmo na comparação com pares internacionais. Das 20 principais siderúrgicas do mundo avaliadas pelo Credit Suisse, nenhuma está mais "barata" que a Usiminas nos atuais patamares, levando em conta o EV/Ebitda estimado para este ano.

A ação da Usiminas apresenta a menor relação entre as doze top picks do banco suíço para a América Latina. Entre as brasileiras, a projeção para a Vale é de 4,8 vezes, enquanto a estimativa para a Petrobras é de 3,7 vezes.

Assumindo outro indicador na análise, o P/E (Price/Earnings - preço da ação sobre a projeção de ganhos), as projeções do Credit Suisse para 2008 colocam a Usiminas com relação 4,6 vezes (ou seja, cotação atual da ação 4,6 vezes superior a sua projeção de ganho), também a menor entre as doze top picks para a América Latina.

Conclusões e Recomendação

Com aquisições e crescimento orgânico gerando expansão de produção de 24,8% em 2007, a Gerdau Met fornece mais uma lição no risco, em se tratando de uma empresa "superior", de tentar lucrar com quedas temporárias no preço da ação.

Após um desempenho modesto em 2006, os resultados dos 12 meses terminando em meados de 2008 mostram crescimento de receita e lucro acima das altas médias históricas.

Após simular três cenários estimamos, usando o método Fluxo de Caixa Descontado - Modelo Dividendo, que o preço intrínseco de R$ 51,30 fica próximo do meio de uma faixa de possíveis valores, indicando que o preço de mercado apresenta um desconto de cerca de 21% neste momento.

No cenário mais realista, consideramos que o forte crescimento dos 12 meses terminando em meados de 2008, somado ao desaquecimento da economia mundial, dará sequência a um período de lucros estabilizados antes da empresa voltar a expandir.

Infelizmente, nossa Análise de Múltiplos sugere que os indicadores de investimento atuais da ação estão o dobro de seus níveis passados. Acreditamos que a razão principal da disparidade seja a maior qualidade atribuída à Gerdau Met por investidores como resultado de seu desempenho impressionante ao longo dos últimos 9 anos.

Em funçao tanto da disparidade das conclusões, quanto da natureza cíclica do setor, avaliamos que precisamos de uma margem de segurança entre 50% e 70%. Assim, recomendamos compras do papel da Gerdau Met na faixa de R$ 30,00-R$ 34,00.

Apesar do programa maciço de investimentos em curso a posição financeira da empresa continua tranquila.

Nota Importante: De acordo com nossa política de transparência, informamos que o responsável por Ação&Reação detém, neste momento, uma posição pequena nas ações da Gerdau Met.

Sadia perde R$ 760 milhões com operação no mercado de câmbio
Link reportagem Valor

A Sadia anunciou que teve perdas de R$ 760 milhões com operações financeiras cambiais. Segundo a empresa, o prejuízo decorreu de operações ligadas ao dólar em "valores superiores à finalidade de proteção das atividades da companhia", diz em comunicado.

"Diante da severidade da crise internacional agravada na última semana e da alta volatilidade da cotação da moeda norte-americana", a companhia decidiu liquidar financeiramente a posição, para reenquadrar a exposição de risco da empresa.

Em nota, a Sadia ressalta que a perda "não afeta suas atividades industriais e comerciais, as quais continuam em expansão". Ao final de junho, a empresa tinha R$ 1,8 bilhão no caixa, segundo dados do balanço.

Tradicionalmente, empresas exportadoras fazem operações de hedge cambial com o intuito de se proteger da variação do dólar. Como elas têm receita em dólares em custo em reais, a operação que protege a empresa do risco cambial é ficar "vendido" em contratos futuros de câmbio ou fazer uso de opções.

Quando uma empresa faz operações vendidas em câmbio, ela ganha dinheiro no mercado financeiro quando o dólar cai, e perde quando ele sobe.

Se o montante de hedge contratado for equivalente à previsão de receita de exportações daquele período, ela fica casada. Quando o dólar cai, ela ganha no contrato de hedge, mas tem uma receita menor em reais com a venda física dos produtos. Quando o dólar sobe, ela perde na operação financeira, mas tem um faturamento maior em reais com as vendas externas.

Pelo teor do comunicado, a Sadia deve ter ficado com uma posição "vendida" acima do fluxo de receita de exportações previsto para o período. Desta forma, o ganho maior em reais com exportações não foi suficiente para compensar a perda no mercado financeiro.

(Valor Online)

Mars escreveu:Eu estava pensando em comprar Sadia esses dias, como comentei no tópico da Perdigão. Foi pura falta de munição (e uma grande sorte), mas ainda bem que não comprei. É uma irresponsabilidade os gestores financeiros de empresas "brincarem" no mercado deste jeito. Quem perde depois são os acionistas - as pessoas analisam os fundamentos da empresa e investem nela, mas não tem como saber desse tipo de irresponsabilidade. Um prejuízo de R$ 760 milhões - para se ter uma idéia, o lucro líquido da Sadia em todo o 1o semestre foi de R$ 335 milhões. No momento, SDIA4 está a -27,42%, a R$ 6,75 (fechou ontem a R$ 9,30).

Romanove escreveu:O negócio ta preocupante...Mas o que importa é o longo prazo(e põe longo nisso) eu to com perda de 18,70% no HB

Câmara dos EUA rejeita pacote; Bovespa interrompe atividade

São Paulo - A Câmara dos Estados Unidos rejeitou o pacote de socorro a bancos, de US$ 700 bilhões. No mercado financeiro, o índice Dow Jones da Bolsa de Nova York ampliou as perdas para 4,58%. Na Bolsa de Valores de São Paulo, o índice Bovespa caiu mais de 10% e foi acionado o circuit breaker, mecanismo que interrompe as negociações de ações por um período.

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